História

“Descendo as abas da serra da Falperra note aí a situação dos quatro Sandes (S. Clemente, S. Lourenço, S. Martinho e Santa Maria de Vila Nova) embora em uma excursão pela estrada de Braga melhor tivesse ensejo de as conhecer, visto que marginam o caminho á esquerda da Vila Nova de Sande e S. Clemente, e à direita, no fundo de uma pitoresca bacia vegetal, S. Martinho e S. Lourenço. As três Sandes primeiras formaram até ao século XVI uma só paróquia, dividindo-se depois em três curatos dependentes do de S. Martinho que era e é o mais importante tanto sob o ponto de vista de população, como de recordações históricas.” (Vieira, 1886, p.623).

Segundo dados recolhidos do Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, Sande São Martinho, freguesia pertencente ao Concelho de Guimarães, distrito e diocese de Braga encontra-se a uma distância de aproximadamente 9km a noroeste da sede concelho, sendo mencionada em vários documentos desde tempos antigos. A freguesia era reitoria da apresentação da Mitra e comenda da Ordem de Cristo, tendo sido integrada nesta freguesia no século XVI a de Stª Maria de Sever documentada a partir das Inquirições de 1258, sendo a sua origem anterior ao século XIV (Vasconcelos, 1990).

Tal como consta nos Inquéritos Paroquiais de 1842, esta freguesia é demarcada geograficamente por um local plano virada a Nascente, onde desta se consegue avistar vários locais, tais como a Serra da Falperra, o monte da Santa Marta e Santa Cristina, assim como a Serra da Cabreira, a Citânia, o Sabroso de Travanca, a Serra de Gonça, os Montes de Prazins e Souto, a Serra de Santa Catarina o Bom Jesus de Barrosas e a Senhora do Monte (Revista de Guimarães, 1998, p. 517-522).

Do ponto de vista económico, desde sempre no concelho de Guimarães existiu uma grande predominância agrícola, não sendo esta exceção na freguesia de Sande S. Martinho, existindo nesta época o cultivo de “milho grosso branco, amarelo, feijão de muitas qualidades, centeio, milho alvo, painço. Vinho verde ou de enforcado mas em abundância…” Nestes inquéritos é ainda referido o importante Rio Febras que movia durante o inverno oito moinhos e ainda um engenho de moer azeitonas. A par da agricultura, existiam ainda outras atividades económicas nesta época na freguesia assim como “…trinta e oito garfeiros e nove lojas deste ofício, …um serralheiro, seis oficiais de carpinteiro…, quatro sapateiros… e também… oito músicos.” (Revista de Guimarães, 1998, p. 517-522).

No que diz respeito aos monumentos e património cultural e histórico mais importante da Freguesia de Sande São Martinho, de entre vários temos já apresentados nos inquéritos de 1842 a Capela de Santo Amaro, assim como a Capela particular de São Bernardo, pertencente á Casa de Tarrio, construída toda ela em pedra de cantaria, par destas temos os túmulos dos quatro irmãos e bem próximo a estes um nicho de Almas, também bastante importante (Revista de Guimarães, 1998, p. 517-522).


Monumentos e Património Cultural e Histórico:

“No sítio dos quatro irmãos, estrada velha para Braga, existe um oratório ou edícula que contém um retábulo de madeira pintado e resguardado por paredes e na frente grade de ferro. Há distância de 15 metros para sul há um encanamento de água, caindo esta por uma bica em uma poça, e sendo aproveitada para beber e mais usos domésticos; sobre o cano e junto à boca acha-se um marco quadrangular com a seguinte inscrição: - “Esta água mandou-a tirar a Sr.ª Maria Tereza e R. de Couto. Lembra-se com hum P. N. A. M. – Junto a esta fonte é que esta a celebrada sepultura dos quatro irmãos: é um espaço de 1,70m. por 1,50 coberto com quatro toscas lapides todas unidas, tendo esculpidas, a primeira (a começar do sul) e terceira uma espécie de espada curta e a segunda uma cruz de malta a quarta nada; tudo isto resguardado por 4 marcos em dous dos quais está esculpida uma cruz de malta. Estes dous marcos estão feitos com mais apuro que os outros que apenas são esteios grossos…” (Alves, 1980).

“Á distância de 50 metros da Igreja matriz, junto a estrada real, levanta-se um elegante oratório de pedra fina, encimado por uma cruz e dous obeliscos. No retábulo acha-se pintada a trindade, diferentes santos e as almas do purgatório…“ (Alves, 1980).

"Quase de fronte do oratório anterior levanta-se o cruzeiro paroquial, elegante, assentado em 5 degraus de pedra granito fino tendo na base na face sul a data 1840. – De fronte da porta principal da Igreja a uma alpendrada sustida em 4 colunatas, sob a qual está uma cruz de pedra tendo pintada a imagem de Cristo crucificado sob a invocação.”

“Tem a Igreja 4 portas, principal, 2 laterais ao norte e sul e uma na Capela-mor ao norte…Mede a Igreja 31 m. de comprido por 8.75 de largura na fachada. Um espaçoso escadório de pedra, ao lado sul, dá entrada para o coro e do mesmo lado se acha a sacristia, que é espaçosa e boa, com cinco altares-mor, Senhora do Rosário, S.ª das Dores, S.ª das Graças ou Coração de Maria, S. Matheus e estes altares são privilegiados para as missas aí celebradas por ordem dos confrades do Rosário, graça concedida por Bento XIV, conforme se vê no Edital do Provisor datado de 16.1.1758 e colocado junto ao altar do Rosário. Tem a igreja dous púlpitos, espaçoso coro…” (Alves, 1980).



Referências

Vieira, José Augusto (1886). O Minho Pitoresco. Lisboa: Livraria António Maria Pereira. pp 623

Vasconcelos, Maria da Assunção (1990) Inventário dos Livros Paroquiais do Distrito de Braga. Arquivo Distrital de Braga. Disponível em: https://archeevo.amap.pt/details?id=5953

Inquérito paroquial de 1842 - S. Martinho de Sande. Revista de Guimarães, 108 Jan.-Dez. 1998, p. 517-522.

Alves, José Maria Gomes (1980) Apontamentos para a História do Concelho de Guimarães. Manuscritos do Abade de Tagilde. Notas e comentários. Revista de Guimarães, 90 Jan.Dez. 1980, pp. 123-179.